sábado, julho 22, 2006

Aldeia Kaí

Na aldeia Kaí vivem 73 familias cadastradas - utilizam a área para agricultura de subsistência e recebem assistência médica (FUNASA), mas apenas 17 familias indígenas possuem residência fixa na aldeia. Por se tratar de uma retornada dentro do Parque do Descobrimento, muitas temem construir sua casa e ser obrigado a se retirar por força de uma liminar. O restante das famílias revezam o tempo entre a aldeia e a Vila de Cumuruxatiba onde a maioria sempre residiu.

Após a retomada da Aldeia Tibá, alguns conflitos internos afastaram alguns indigenas da aldeia, entre eles Timborana, que voltou para o povoado. Seis meses depois uniu-se a 30 familias indigenas que se retiraram da Aldeia Tibá e retomou uma area próxima ao curso do rio Imbassuaba. Contam que a área pertenceu ao índio Antonio Cabeludo, que foi expulso pela BRALANDA (mostraram alguns documentos/registro de posse do 1NCRA no /1/), e do indio Manoel de Afrodisio Valadão, que se intitula descente dos assim chamados índios Mavão.

(Os índios mais velhos contam que os Mavão eram índios bem pequenos e morenos que apareciam de dentro da fenda das falésias próximas ao local onde mora D. Santinha. Eles os chamam também de índios formigas. Segundo Paraíso, alguns viajantes encontraram com esses índios, os quais chamaram de Makão-Kaji, ou seja, "índio pequeno", nas imediações de um local conhecido por Cachoeira de Santa Clara e posteriormente aldeados em Porto Alegre.)

Na aldeia existe uma escola de taipa construída pebos indios e mantida corn recursos da Prefeitura do Prado.

A água utilizada para o abastecimento da aldeia é a do rio Imbassuaba, e é nele também que pescam, jundiá, robalo, traíra e outros peixes. Entretanto, nem sempre a água do rio está boa para o consumo, pois no limite do parque e da aldeia, existe uma grande plantação de mamão, onde são jogados vários tipos de defensivos e fertilizantes que escorrem para o leito do rio.

A roça da aldeia Kaí é de subsistência, onde pode se encontrar feijão, milho, mandioca, e algumas frutas como melancia, abacaxi, mangaba (nativa), banana, caju (nativo), e outras.

Como nas outras aldeias as casas são construídas de taipa e cobertas de sapé, sendo que algumas ainda estão cobertas de plástico preto desde a ocupação da terra.

Também, enfrentam pressão do IBAMA, mas os maiores problemas são com os fazendeiros do entorno que ultrapassam a cerca do parque em busca de caça, fato que não é aceito pelos Pataxó.

A maior liderança, ainda, é o Timborana, que conta com o apoio de sua mulher Jovita, grande líder espiritual e conhecedora da cura através das ervas medicinais e dos rituais Pataxó. Entretanto, por problemas de saúde passou o encargo de cacique para o Osmar, professor da Aldeia que acompanha o grupo desde o início da ocupação.



Texto extraído do Estudos de "Fundamentação Antropológica necessários a identificação e delimitação da Terra Indígena de Comexatiba (Cahy/Pequi) da Antropóloga - Leila Silvia Burger Sotto-Maior